Decepção

Era o derradeiro. Seu grito ecoava pela casa. No assoalho de madeira, roupas espalhadas, como se fossem dermes arrancadas. Sua pele ferida, por um amor perdido, manchava-se de sangue que aos poucos se diluía no piso frio do boxe, esvaindo-se para o ralo.
Os soluços se confundiam com o barulho da água batendo em seu corpo encolhido naquele ambiente esfumaçado.
De alma lavada, bastava-lhe recolher os cacos espalhados pela casa. E assim o fez.
Num transe absoluto, permanece deitado entre ninho de lençóis.

[silêncio]

Era o derradeiro. Seu grito ecoou pela casa.

Paulo Francisco

5 comentários:

  1. Sinistro hem?
    e triste.

    um beijinho

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  2. É assim mesmo a sensação, de derme arrancada e carne rasgada quando chega o ultimo suspiro do amor.
    bjkas doces Paulo e boa semana.

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  3. Sinístro nada, isso é poesia do transe. Belíssimo texto! Abraço
    De um olhada
    http://tossanphotos.blogspot.com.br/

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  4. Forte estee texto....
    Venho agradecer sua visita ao
    meu blogue e comentário.
    Voltarei sempre que possa.
    Irene Alves

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