Teadoro, Teodora!





Quando ela ouviu a minha voz pela primeira vez, ela riu do meu esse e do meu erre. Disse que o meu esse tem som de Xís e que o meu erre é carregado. Ela riu de mim. E a sua risada de menina travessa me contagiou e rimos juntos destes meus esses e erres.

Ri. Há muito tempo que não soltava uma gargalhada de verdade – uma daquelas de virar a cabeça pra trás e de doer a barriga. Já não sorria tão facilmente. No começo do ano estava carrancudo, sombrio. Aí, ela chegou de mansinho e foi me conquistando e, acabei voltando a ficar leve. Não vou dizer que sou a leveza absoluta do ser, mas permito-me em ser, pelo menos, um pouco menos pesado.

O que adianta ficar o tempo todo remoendo passado? Passado já foi! Então, tento, agora, criar um presente mais suave - azul. Claro, que de quando em vez, surgem umas nuvens acinzentadas, mas logo vão embora – não deixo que elas se transformem em tempestade. O que eu quero dizer é que parei de resmungar. Chega de bancar o dono da verdade. Nunca me levou a nada este meu lado cri-cri. Até porque, não era tão ranzinza – fui me deixando contaminar por maus-humores alheios.

Agora quando vejo uma cara carregada digo: ¨Tá indo visitar o rio são Francisco?¨ e dano a rir. A pessoa pode não entender a piada naquele exato momento, mas que depois vai dar uma boa gargalhada, ah! isso vai!

Ontem, a minha Teodora (apelido carinhoso que dei a ela) estava carrancuda, culpa minha – provoquei! Ela ficou mau-humorada, e eu deixei que ficasse zangada por um bom tempo. Depois eu falei pra ela: ¨ Você sabia que eu escorreguei da escada e esfolei as minhas costas? ¨ Ela danou a rir. Rimos juntos.


Paulo Francisco

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