tag:blogger.com,1999:blog-31629490756084456472024-03-19T07:03:33.879-03:00Da VaRaNDa Da MiNHa CaSa...
Durmo contemplando o céu marinho, acordo com ele azulzinho. Não gosto de discursos, gosto mesmo é de poesia. Odeio conversas fiadas, mas adoro uma boa história contada.Paulo Franciscohttp://www.blogger.com/profile/09075189786899301808noreply@blogger.comBlogger370125tag:blogger.com,1999:blog-3162949075608445647.post-92141170897523800162024-03-17T22:34:00.000-03:002024-03-17T22:34:23.399-03:00Lua amiga A Lua encantava
as noites quentes de verão. Adorava aquela convivência quase tribal. As esteiras
de taboa improvisavam os nossos colchões. Todos no quintal, de papo pro ar,
numa prosa sem fim. Observava as estrelas sem a pretensão de entendê-las, apenas
as observava com olhos de menino. Os olhos no céu e as orelhas nas conversas
dos adultos.
- Paulinho, tá
vendo a Lua? Essa é Claudia, Paulo Franciscohttp://www.blogger.com/profile/09075189786899301808noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-3162949075608445647.post-55714974099047915052024-03-16T17:42:00.001-03:002024-03-17T10:12:38.297-03:00Certezas O vento chegou
forte. Corri para fechar as janelas e portas. Com ele, veio a chuva. Com ela,
vieram as trovoadas e relâmpagos rasgando o céu cinzento. Durou menos de uma
hora, mas o suficiente para que as lembranças antigas brotassem da minha mente.
Os espelhos
eram cobertos, as tesouras eram guardadas, as tomadas dos aparelhos elétricos
eram desplugadas e o fósforo e um maço de vela Paulo Franciscohttp://www.blogger.com/profile/09075189786899301808noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-3162949075608445647.post-8223929278575925662024-03-16T17:35:00.001-03:002024-03-17T10:10:04.569-03:00Cena Ele olhou pra
mim e metralhou:
- Veja bem! Não
estou nem aí pra determinadas coisas. Faço-me de desentendido pra não me
aborrecer com tanta imbecilidade. Quem conversa com porta é maluco."Quem
dera fosse verdade!"
Continuei a
ouvi-lo. Falou de futebol, do trânsito, de políticos, praguejou a sua
ex-mulher, reclamou do filho mais velho e de repente:
- Você não fala
muito né?
Olhei para
Paulo Franciscohttp://www.blogger.com/profile/09075189786899301808noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3162949075608445647.post-32562467482705527192024-01-15T01:18:00.000-03:002024-01-15T01:18:08.344-03:00Cotidiano
Não dá mais pra
adiar. Entro na cozinha e vejo a louça empilhada na pia. Não tenho problema em
lavar louças, até gosto. Mas tem dias que até o que gosto quero longe de mim.
Como dizem por aí que quem canta seus males espanta, ligo o som e começo a
lavaria – emulsificando os engordurados, dando brilho no inox. Em poucos
minutos tudo lavado; a harmonia sempre volta depois do caos. Paulo Franciscohttp://www.blogger.com/profile/09075189786899301808noreply@blogger.com6tag:blogger.com,1999:blog-3162949075608445647.post-11771267461810553622024-01-12T18:54:00.001-03:002024-01-12T19:40:27.800-03:00Realidade Os meus sonhos
recorrentes sobre a matemática cessaram faz um tempinho. Espero que seja pra
sempre. Era o mesmo sonho por décadas. Se tivesse que escolher, preferiria os
pesadelos com palhaços – nunca gostei da imagem desses mascarados. A palhaçaria
que me perdoe, mas que dá medo... Ah! isso dá! A taquicardia causada pelo
pesadelo sobre a matemática era tão forte que ao acordar não Paulo Franciscohttp://www.blogger.com/profile/09075189786899301808noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3162949075608445647.post-53709451403508498142024-01-10T00:03:00.001-03:002024-01-10T00:03:51.417-03:00A chuva Antes
que a chuva caia. Todo verão era sempre o mesmo mantra: Volte antes do temporal,
ouviu! Era quase certo termos chuva no finalzinho da tarde – a famosa chuva de
verão.
Estávamos
quietos, deitados no chão da sala, cada qual com seu pensamento, quando o céu
rompeu o silêncio num estrondo absurdo anunciando temporal. Não demorou pra chuva
chegar molhando a vida.
Levantamos
daquele Paulo Franciscohttp://www.blogger.com/profile/09075189786899301808noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3162949075608445647.post-26436462165301732502023-12-25T16:38:00.002-03:002023-12-26T10:21:38.262-03:00Presente Abro
as minhas mensagens no celular e leio:
-
Paulo, gostou da surpresa?
Pergunta
corajosa pra quem sabe que surpresa não é pra mim. Principalmente no dia do meu
aniversário. Sei que é difícil pra muitos que eu queira estar sozinho nessa
data. Posso até festejar depois, mas o dia é só meu. Não sei ou não me lembro de já ter escrito sobre este
assunto. Mas não importa. O que importaPaulo Franciscohttp://www.blogger.com/profile/09075189786899301808noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-3162949075608445647.post-87749193996121105572023-12-11T21:27:00.000-03:002023-12-11T21:27:02.187-03:00Distração
Coisa boa está na varanda, deitado na rede, colocando a
leitura em dia com músicas boas de fundo. Dane-se as louças na pia – mais tarde,
certamente, serão limpas. Hoje, independentemente que dia seja, ele será o meu domingo:
dia de procrastinar, deixar o compromisso pra outro momento. Por ora estar com os autores preferidos,
cantoras queridas e minha escrita esquisita é o que Paulo Franciscohttp://www.blogger.com/profile/09075189786899301808noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3162949075608445647.post-14118723520873060172023-12-11T21:00:00.001-03:002023-12-11T21:13:55.804-03:00Acaso Do nada, ela
vem com essa pergunta:
- Paulo, porque
você nunca sorri nas fotos?
Respondi à
pergunta citando Cecília:
- ¨Longe, num
barco,
deixei meus
olhos alegres,
trouxe meu
sorriso amargo. ¨
Aí sim, sorri.
Sorri não pela minha resposta, mas pela cara engraçada que ela fez. Dei um pulo
da cama e fui até a estante, peguei o livro de Fernando Pessoa e recitei
Sorriso audível das Paulo Franciscohttp://www.blogger.com/profile/09075189786899301808noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-3162949075608445647.post-69560220979727360532023-12-02T11:45:00.005-03:002023-12-04T13:33:55.383-03:00Coisa estranha Estávamos tontos, cambaleantes, caminhávamos tateando as
paredes que de vez em quando sumiam dando lugar a aberturas que nos obrigavam a
caminhar de quatro para não sermos engolidos pelo desconhecido. De repente
rastejávamos como serpentes num chão úmido e gelado. Eu sussurrava para que
ninguém mais pudesse ouvir. Perguntava, implorava, mas nem um som de volta a
não ser o do meu medo Paulo Franciscohttp://www.blogger.com/profile/09075189786899301808noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3162949075608445647.post-72723774014082872312022-09-13T17:55:00.002-03:002022-12-18T03:27:47.939-03:00De bar em bar
Para os amigos Cervejófilos
- Nem vem que não tem, bacana!
Ainda continuo por aqui. Foi a resposta que dei ao Russo quando, ironicamente,
perguntou-me aos berros do outro lado da calçada se estava vivo. O sumiço
pandêmico criou essa expectativa. Se bem que, de vez em quando, sumo por um
tempo. Sumo mesmo.
- Quanto tempo eu não te vejo...
Muito tempo mesmo! Ontem, fui ao Paulo Franciscohttp://www.blogger.com/profile/09075189786899301808noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-3162949075608445647.post-40360253977831960342022-09-07T17:28:00.000-03:002022-09-07T17:28:06.948-03:00Do the right thing. &Paulo Franciscohttp://www.blogger.com/profile/09075189786899301808noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-3162949075608445647.post-78614785886333275902022-08-27T09:32:00.001-03:002022-08-27T09:32:41.864-03:00Mudança
Para minha irmã Claudia Lemos
Quando ela foi embora, deixou-me
um vazio no peito. A dualidade brotou na minha carne. Gargalhei de alegria
quando ouvi sua mensagem que estava partindo, indo em busca de mais um sonho.
Sempre torci pra que isso acontecesse, porque também é um desejo meu. Mas ao
mesmo tempo, o danado do egoísmo berrou aos prantos: Como assim?! Ficarei aqui
sozinho, Paulo Franciscohttp://www.blogger.com/profile/09075189786899301808noreply@blogger.com5tag:blogger.com,1999:blog-3162949075608445647.post-27011853420000074092022-08-19T12:57:00.000-03:002022-08-19T12:57:13.362-03:00Sob a lua
Para Waldir e Verônica
Lá estava ela numa belezura só. A noite estava sossegada,
quando ouvi uns murmurinhos vindos do quintal da casa ao lado. Saí para saber o
que estava acontecendo, deparei-me com os meus vizinhos admirando o luar.
Gostam de noite de lua. Eu também.
Brotando atrás da montanha, a lua parecia um cartão-postal;
um convite para observá-la. Uma tela a ser admirada com Paulo Franciscohttp://www.blogger.com/profile/09075189786899301808noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-3162949075608445647.post-75421769075415543052022-08-06T11:12:00.000-03:002022-08-06T11:12:46.397-03:00Sinais Quando me via sozinho, era um desespero sem fim. O coração
acelerava, a boca ficava sedenta e os fantasmas apareciam. Mesmo sabendo que
era uma solidão temporária, não admitia, de jeito nenhum, aquele abandono.
Então o choro vinha acompanhado de soluços nervosos, ora contínuos, ora
intermitentes. Chorava até cansar. Adormecia numa piscina de emoções.
Os abandonos foram tantos que passei a Paulo Franciscohttp://www.blogger.com/profile/09075189786899301808noreply@blogger.com4tag:blogger.com,1999:blog-3162949075608445647.post-11086441972667760222022-07-30T20:32:00.001-03:002022-07-30T20:32:55.393-03:00Momento
As minhas viagens são outras. Irene adora viajar. Recebi uma
mensagem dela, pedindo para confirmar o meu endereço. Poucos dias depois,
estava recebendo de presente dois cachecóis e uma boina de Lima. De quando em
vez, ela lembra de mim e presenteia-me com algo legal. Os meus incensários
vieram de Minas, alguns chapéus foram presentes dela quando foi à Europa. Irene está sempre por Paulo Franciscohttp://www.blogger.com/profile/09075189786899301808noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-3162949075608445647.post-3251834111778542892022-07-14T21:42:00.000-03:002022-07-14T21:42:20.667-03:00Contraste.
A casa era antiga, branca, com portas e janelas encardidas.
As maçanetas de porcelana com desenho floral eram beleza à parte, mesmo com o
amarelado do tempo e de pouco cuidado por aqueles que ali habitavam. Tudo era
antigo. O ranger das tábuas do assoalho, a falta de lubrificante nas dobradiças
das portas, os rachados nas paredes e os vidros trincados dos vitrôs, que
certamente já Paulo Franciscohttp://www.blogger.com/profile/09075189786899301808noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-3162949075608445647.post-85456677316586124932022-05-23T22:18:00.000-03:002022-05-23T22:18:10.929-03:00Noturno Noite calma, alma sossegada. A
noite veio em brisa, em vento miúdo, em céu adornado de estrelas; ela veio
acompanhada de seu silêncio, que de quando em vez, era cortado pelos pios curto
e longo da dona coruja – a noite veio para acalentar o corpo e a alma.
A noite não era de Pessoa ou de
Cecília, tampouco de Vinicius. A noite era minha, só minha. Cúmplices, tínhamos
segredos, desejos Paulo Franciscohttp://www.blogger.com/profile/09075189786899301808noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-3162949075608445647.post-65172899543725425002022-05-05T18:19:00.004-03:002022-05-05T18:19:57.434-03:00Egoísmo
Hoje bateu uma carência daquelas. Corpo colado na cama,
olhos querendo fechar num sono sem fim. Desejei um abraço apertado e demorado, um
cheiro no pescoço e na orelha, um colo quente e macio.
Hoje, desejei tanto, mas tanto, ter alguém perto de mim.
Alguém que coçasse a minha cabeça; que olhasse para mim e adivinhasse os meus
pensamentos; que não criticasse a minha preguiça e muito Paulo Franciscohttp://www.blogger.com/profile/09075189786899301808noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-3162949075608445647.post-88714575736367071162022-04-21T13:50:00.001-03:002022-04-21T13:50:31.680-03:00Outono
O sol nasceu morno. É sempre assim no outono. Ele vai
aquecendo aos poucos até o meio do dia, quando a pele sente a ardência de seu
poder. Apesar de todos os meus pesares, o outono é a estação que mais curto.
Gosto de sentir a refrescância motivada pelo vento gelado em minha cara; da
surpresa da noite estrelada; da lua espelhada nas vidraças; da manta cobrindo o
meu colo e de uma Paulo Franciscohttp://www.blogger.com/profile/09075189786899301808noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-3162949075608445647.post-73479974103703720222022-04-03T18:53:00.000-03:002022-04-03T18:53:20.547-03:00Reflexo No fundo do aço, a carranca se
desfazia. Não adianta. Ficar puto por muito tempo só vai trazer mal estar,
dores no corpo, cara feia e certamente alguém que não tem nada a ver com o meu
mau humor vai ser atingido. Se não estou satisfeito, fico calado, fico em casa,
fico na minha. Então, não venha tentar me distrair, porque não vai adiantar.
Sabe aquela placa de mantenha distância, animal Paulo Franciscohttp://www.blogger.com/profile/09075189786899301808noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3162949075608445647.post-12349941939157611962022-03-31T18:01:00.000-03:002022-03-31T18:01:14.879-03:00Sobre amigos
A escuridão desintegrou-se com o brilho de sua chegada. Era
sempre assim. Bastava aparecer com seu sorriso grande, com a sua fala mansa,
com seus olhos de gata que o cansaço sumia e a alegria tomava conta. Tem gente
que irradia felicidade. Poderia citar algumas pessoas com essa qualidade rara.
Como não quero ser injusto com aquelas-que também amo- mas que não se enquadram
nessa categoria Paulo Franciscohttp://www.blogger.com/profile/09075189786899301808noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-3162949075608445647.post-65598959988342339032022-03-12T22:42:00.000-03:002022-03-12T22:42:44.986-03:00Equilíbrio
Ao contrário de outros finais de tarde, a chuva chegara
delicada, trazendo consigo um ventinho gelado de deixar arrepiados os nossos
corpos quentes – certeza de uma noite calma e sem insônia. Quem me dera essa
calmaria fosse diária. Noite de lua; de pensamentos longínquos, e de música
suave no ar – coisa minha.
Às vezes, só às vezes, fico na inércia – o mundo pode vir
abaixo que não Paulo Franciscohttp://www.blogger.com/profile/09075189786899301808noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3162949075608445647.post-48202748761984766722021-12-22T18:27:00.000-03:002021-12-22T18:27:50.232-03:00Pedaço
Sussurrar era necessário. Vivia,
pelos cantos, murmurando em segredos. Hábito adquirido pelo medo de não poder se
expressar em verdades. Época em que o sim e o não eram suficientes como
respostas. Opinar era impossível; debater nem pensar. A ignorância obrigava-o a
correr pelas ruas do bairro em gritos e tagarelices. Palavras e frases soltas
para muitos, mas de extrema importância para o Paulo Franciscohttp://www.blogger.com/profile/09075189786899301808noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3162949075608445647.post-57212683431371494882021-12-02T00:31:00.000-03:002021-12-02T00:31:15.090-03:00Desábito Há algo de estranho no ar. Sabe aqueles dias em que você não
se reconhece? Que o clima está doido e você o acompanha sem reclamar? Pois é...
uma garrafa de vinho, uma comédia romântica sobre o natal, uma manta cobrindo o
corpo e o sereno lá fora, em pleno final de novembro.
Há algo de estranho no ar. Celular desligado para ninguém
atrapalhar o silêncio instaurado no quarto. Nenhuma Paulo Franciscohttp://www.blogger.com/profile/09075189786899301808noreply@blogger.com1