Clareza



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De repente não a olhava como antes. A paisagem modificou-se depois do temporal. Restaram o corpo molhado e o assombro. Depois de um tempo, tudo voltou a normalidade. A sanidade deu lugar a realidade; o torpor fragmentou-se com a chegada do vento, permitindo então, a visibilidade das recentes cicatrizes marcadas na derme. Definhou-se o sonho guardado.
Enxergá-la por um olhar frio, calculista, sem nenhuma emoção, foi a maneira encontrada para não se cometer nenhuma injustiça. Arrepender-se de certos sentimentos, de certas convicções – jamais! Aos poucos as interrogações eram respondidas  e as certezas tornavam-se sólidas como concreto. Na lâmina da lança surgiu, uma nova esperança. Com o feitiço desfeito, não havia mais o medo.
Um olhar brilhante, ao longe, fazia-se notar. Era a certeza de um sentimento, semeado aos poucos, cultivado por afagos e gestos verdadeiros.
No negrume da noite, a chama azulada da vela enfeitava os corpos. E no levantar e abaixar da chama, pensamentos surgiam revelados pelas pupilas dilatadas, corações acelerados e membros contraídos. Verdades brotavam no olhar como mágica espiralada trazida por anjos. Na ponta da noite, a finitude mascarou o que antes era escuridão. O dia clareou a paisagem, dourou a alma e abraçou a poesia.

Descontínuo





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Era quentura de derreter. Os corpos encharcados suplicavam por uma ducha gelada. Mais tarde, a água escorria pelos nossos corpos quentes na esperança de lavar a salinidade produzida e diminuir a temperatura provocada. Permanecemos por muito tempo agarrados naquele cubículo ladrilhado e aquático. Com os olhos na cor de sangue, voltamos para a cama as gargalhadas, sorrindo de tudo – crianças grandes fazendo amor e arte. Era boa aquela despretensão amorosa. Aproveitamo-nos o máximo o nosso pecado. Pois sabíamos que depois da transa era vida que segue sem pudor – gente grande que na vertical veste-se conforme o tempo.

Era muito bom estar com ela, gostava daquele jeito aberto de dizer-me coisas sérias de maneira divertida; tínhamos tudo para sermos mais que amigos. Quando disse-me rindo, que eu era o seu crusch, fiquei sem saber o que dizer. Pois não sabia o sentido da palavra naquele contexto - desconfiava:

- Eu sou totalmente encanada quando estou numa relação. Se não atende o telefone quando ligo, já vou logo achando que a relação está esfriando, que pode estar com outra. Fico paranoica.

- Xiiii... que coisa... vivo com o celular desligado, não gosto de atender em qualquer lugar... se tivesse uma namorada com esse seu jeito não duraria uma semana...

Risos

- Vai vendo! E você é meu crusch...

Fomos interrompidos e mudamos a conversa, dando atenção as outras pessoas que estavam na sala.
Gostava de estar com ela, da nossa amizade. Mas tem gente que não consegue esperar. Tem urgência. Tornamo-nos fiapos na ponta dos cílios.

Hoje, o céu encontra-se nublado, há vento, mas o barco está vazio.

Paixão



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À sua presença, desmanchava-se em sorrisos. Desconstruída, tornava-se pluma levada ao vento.
À sua presença, a intensidade definia-se em longos suspiros. O silêncio era o seu mundo.
O sonho: futuro!