O outono
nascera camuflado de inverno; sem o sol do meio dia, sem o brilho azulado
disfarçando o ventinho frio no final da tarde. O cinza dominara o dia. A bruma
cobrira as nossas cabeças e embaraçara os nossos olhos.
O dia foi
contínuo, sem surpresas, sem a típica incerteza do surgimento repentino do sol,
da chuva ou do vento. Coisas do nosso outono tropical.
As mantas
surradas vestiram-me todo o dia, os caldos, previamente preparados, aqueceram e
derreteram a minha alma faminta, o chocolate quente alegrou o tédio de uma
tarde encolhida e o vinho tinto deixou a noite mais colorida.
De repente tudo
mudou.
Ela chegou
frenética, invadindo meu edredom, agitando a minha alma, estimulando meus
músculos, arrepiando minha pele e respirando o mesmo ar. Ela chegou acesa,
iluminada. Minha deusa Bhadrakali.
Clarão da minha vida.
Ontem, o outono
nascera camuflado. Hoje, pelo que me parece, ele será apenas outono. Não pelo
clima, mas pela falta que ela me faz.