Noturno

 


Noite calma, alma sossegada. A noite veio em brisa, em vento miúdo, em céu adornado de estrelas; ela veio acompanhada de seu silêncio, que de quando em vez, era cortado pelos pios curto e longo da dona coruja – a noite veio para acalentar o corpo e a alma.

A noite não era de Pessoa ou de Cecília, tampouco de Vinicius. A noite era minha, só minha. Cúmplices, tínhamos segredos, desejos mundanos e divinos. Ela veio em calmaria. Acariciando a nuca e soprando a derme nua. Ela veio vestida de seda. Enfeitada com seu colar de estrelas.

A noite veio calma para sossegar a alma. Ela veio para guiar-me até à luz do dia.

Egoísmo

 

Hoje bateu uma carência daquelas. Corpo colado na cama, olhos querendo fechar num sono sem fim. Desejei um abraço apertado e demorado, um cheiro no pescoço e na orelha, um colo quente e macio.

Hoje, desejei tanto, mas tanto, ter alguém perto de mim. Alguém que coçasse a minha cabeça; que olhasse para mim e adivinhasse os meus pensamentos; que não criticasse a minha preguiça e muito menos o meu silêncio.

Hoje, acordei em sintonia com o tempo: cinza, chuvoso e preguiçoso. Acordei querendo colo, querendo você.

Hoje, acordei assim: um tanto quanto egoísta.