As palavras sobrevivem ao amor. Já me apaixonei algumas vezes, já falei, gritei palavras de ordem, já me agarrei aos adjetivos e deles fiz poemas. Declamei e declarei-me aos seus olhos. Mas como eu sou melhor com as mãos do que com as palavras, e isto é certo, faço das carícias minhas palavras soltas e com os meus beijos frases perfeitas.
Meu silêncio amoroso é a minha constituição.
Estava eu ali, calado, em perfeita harmonia com os meus sentimentos. Aquele quarto de hotel se transformara em minha varanda, a cama em minha rede e ela a brisa que me impulsionava em desejos e sonhos. Deixei a realidade lá fora.
Vermelho era o seu beijo.
Vermelho era o seu céu.
Vermelha era a sua paixão.
Vermelhos éramos nós.
De repente a palavra rasgou o silêncio existente e o que era belo se transformou num inferno.
Ela exigia de mim o que eu não podia lhe dar:
Ela queria palavras ditas, eu só tinha palavras sentidas.
Ela queria ouvir, eu queria sentir.
A transparência ditava as regras e nós sabíamos. O que fazer quando o que ela queria era o que eu não tinha pra lhe dar?
Enquanto pra mim, naquele momento, os desejos sobreviviam a tudo, pra ela, as palavras sobrevivem sempre.
E o silêncio se fez presente: ela de um lado e, eu do outro.
Vermelhos eram os seus olhos.
Vermelho era o meu ódio por não saber mentir.
Pois é, descobri que as palavras, mesmo falsas, sobrevivem a tudo, até mesmo ao caos.
Eu queria sexo. Ela queria sonho.
Paulo Francisco
A maioria dos homens que eu conheci queriam sexo.
ResponderExcluirGostei muito desta mensagem,muito cheia de encanto. Beijinhos fofinhos,feliz 2014 e até breve!!
ResponderExcluirAhaha! Todo mundo diz a mesma coisa...porém, eu discordo: As mulheres querem o sexo envolvido em sonho, os homens, talvez só sexo. Não sei porque não sou homem!
ResponderExcluirMuito bom o texto, adorei os olhos vermelhos!!!
abraço petropolitano
Sandra May