Hoje, acordei e permaneci coberto de saudade. Não era uma saudade de tristeza. Mas também não era de alegria. Era uma sensação que de quando em vez bate e fica por um tempinho e depois se dispersa dentro do peito. Mas hoje foi diferente, ela chegou e ficou por mais tempo em mim. Eu sempre digo que têm coisas que a gente não controla. A raiva a gente controla; a euforia a gente controla; mas a saudade é quase que impossível de se controlar.
Cecília escreveu: De que são feitos os dias?/ De pequenos desejos/
Vagarosas saudades /Silenciosas lembranças.
Pessoa escreveu: Eu amo tudo o que foi /Tudo o que já não é /A dor
que já não me dói /A antiga e errônea fé /O ontem que a dor deixou /O que
deixou alegria /Só porque foi e voou /E hoje é já outro dia.
Talvez eu tenha acordado com pequenos desejos porque hoje é um outro dia. Não sei. Não sei que sensação foi essa que acordou comigo e permaneceu
por todo o meu dia.
Têm dias (e que são muitos) a saudade rasga a pele e crava a
alma. É dor que acorrenta e escraviza. É dor que quer ficar.
Chico escreveu e cantou: Que
saudade é o pior tormento/ É pior do que o esquecimento/ É pior do que se
entrevar.
Eu sei que saudade é essa que fica guardada na penumbra do
dia, que se esconde num suspiro disfarçado querendo escapar. Eu sei que saudade é essa que o chão se desnivela querendo derrubar. Eu sei que saudade é essa que a paisagem
fica num tom acinzentando querendo enganar.
Hoje, acordei e fiquei como aquela poesia que um dia escrevi:
Chove
- não muito
Chove intermitentemente
uma chuva fina e sem vento
Não estou com frio
Mas estou triste
Muito triste como Campos no século passado
Muito triste como Caetano em seu quarto
Chove intermitentemente
E eu, à janela, de repente esqueço-me do dia de hoje.
Porque estou me sentindo triste como Caetano e Álvaro de Campos.
- não muito
Chove intermitentemente
uma chuva fina e sem vento
Não estou com frio
Mas estou triste
Muito triste como Campos no século passado
Muito triste como Caetano em seu quarto
Chove intermitentemente
E eu, à janela, de repente esqueço-me do dia de hoje.
Porque estou me sentindo triste como Caetano e Álvaro de Campos.
Talvez essa sensação que
não é saudade, que não é tristeza e tampouco euforia, seja apenas um vaticínio que
sempre acontece na segunda metade de agosto.
Talvez toda essa coisa
abstrata seja uma predição de como estará a minha alma daqui alguns dias.
Porque sei que no dia vinte e seis estarei triste. Eu sei.
Paulo Francisco
Paulo Francisco
Em minhas varandas, na sua varanda, a melancolia vaga e o pranto chega e o olhar, alaga e a saudade, inclemente, o peito esmaga...Paulo, lindo demais...de uma nostalgia que toca fundo a alma...AMEI te ler!!! Um abraço, ania..
ResponderExcluirUm encanto tudo isso e eu, aqui do meu canto, te aplaudo..belo post, lindo texto, mais um,aliás! abração,chica
ResponderExcluirOi Paulo,
ResponderExcluirEscreve lindamente
Beijos
Dorli Ramos
Paulo, Não aparece quando escrevemos
ResponderExcluirDorli
Não sei o que o deixa triste nessa época, o que o dia 26 de agosto marcou em sua vida. Mas sei que lida muito bem com as palavras e que escreveu um texto encantador, daqueles que lemos e vamos deixando a alma captar as emoções. Bjs.
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