Faces



Não sei o que é pior, ser vigiado ou ser ignorado. Eu sabia a hora exata em que ela passava pela rua onde eu morava. Adorava aquele jeitinho todo carioca de andar. Ela era uma graça.
- ¨Paaauuulooo! Sua deusa está passando! ¨
Corria pra vê-la da janela do apartamento, não dizia nada, apenas sorria quando percebia aquele seu olhar de soslaio. Foi assim por um bom tempo. Tempo bom, tempo de sonhos e aventuras.
Olhava as estrelas no céu como se elas fossem minhas. Sentia uma sensação absurda quando via uma estrela cadente – acreditava nos pedidos feitos. Era um explorador de nuvens.
Sentado no colo de minha mãe, eu namorava a lua enquanto ela e a vizinha conversavam sentadas no portão de casa. Dormia hipnotizado pelo brilho azul marinho celeste.
No final da semana passada, a lua estava absurdamente linda. Cheia e bela. Eu adoro quando a vejo assim: voluptuosa, transbordando sedução e, ao mesmo tempo, cercada por pequenas estrelas e ela, a minha lua, é a principal para os meus olhos gulosos e sedentos de amor.
No hotel, abri os olhos e percebi que ela ainda não tinha dormido, estava me observando, analisando, pensando, concluindo, ou sei lá o que mais. Eu abria os olhos e ela fechava os seus rapidamente. Deixei-a pensar que me observava secretamente. Precisava aliviar a queimação interior que me invadiu de repente. A dor da desilusão era maior e mais significante àquele momento.
Eu estava sendo vigiado e não sabia. Quando se aproximou de mim, ela já tinha a minha ficha completa. Não a condenaria se a aproximação fosse verdadeira e não uma tática pra pegar mais uma presa. Sim, ela era caçadora. Uma colecionadora de cabeças humanas. Agora anda por outras regiões farejando possíveis presas. Ser mitológico que nos transforma em sal. Escapei por pouco da medusa.
Eu ficava ali tomando conta das posturas dos dípteros. Não dormia vigiando cada fase larval, cada troca de muda, e a minha própria ecdise só aconteceria bem mais tarde.
Quando eu percebi, já estava isolado de todos e de tudo, fechado numa forma de cápsula. Ela transformou-me num eremita moderno, morador de uma caverna de concreto. Uma tática de quem me conhecia profundamente e sabia que eu jamais atingiria a quem amava. E eu a amava. Depois não. Acabei diluindo meus sentimentos. Mas continuei não querendo atingi-la. Pra quê? Já não valia mais a pena.
Entro em casa e ligo o computador e lá estava um recado nada agradável:
¨ As suas dores físicas são castigo de Deus, pelas dores emocionais que você nos transmite. ¨
A outra queria me vigiar, tomar conta de minha vida. Mas eu me transformara num ermitão dopado de noites vazias de estrelas e de luas nuas. Não queria mais algemas em meus pulsos.
A pupa era dura com pouco ar. Meu metabolismo era lento e angustiante. O movimento corporal se dava internamente e uma palidez cobria totalmente a minha derme mulata. Eu descorava a cada dia. Eu sabia que o meu corpo intumescido e desmaiado, a qualquer hora, reagiria e romperia aquela cápsula de quitina. Cripta aberta, alma liberta.
Busquei minha carga genética, lutei por ela, perdi alguns genes perfeitos, tornei-me débil, imbecilizado por um ar virulento. Minhas pernas atrofiaram-se, meus braços encurtaram-se e meu cérebro tornou-se aquoso. Vegetei num mundo de olhos grandes, bocas ferinas e mil tentáculos com ventosas nocivas. Trafeguei em dias nebulosos e em noites frias em total escuridão, meus pés sentiram a umidade lodosa de um pântano verde e cinza.  Mas transgredi o mal.
Saí da fase pupóide em que entrei. Rasguei com minhas mandíbulas as camadas existentes e as engoli, nutrindo-me do que já era meu. Sobrevivi de minha própria alma. Não mais me importavam as pernas perfeitas, os braços que a alcançavam. Minha mente ainda sã comandava as asas brotadas em minhas costas. Alçei voo pra nunca mais rastejar como verme ápodo em sua própria gosma. Tornei-me alado, livre, polinizador de flores e com elas, me perfumei e me nutri. Nunca mais ignorado, nunca mais vigiado por olhos de serpente.
Neste exato momento, acendo um cigarro com meu computador apoiado em minha coxa esquerda levemente levantada. Meus óculos tortos atrapalham-me a ter uma visão ampla de meu quarto. Estou enquadrado por duas lentes arranhadas e necessárias a minha sobrevivência. Sou cego de mim mesmo? Não me vejo por inteiro? Só eu sei. Preciso parar e fumar.
Não estou mais preso numa transição metamórfica lenta e abstrata. Sou um mutante em plena evolução. Sou gente se transformando em gente. Sou um homem adquirindo rugas e manchas. Meus medos não são mais químicos, são medos mecânicos, são medos palpáveis. Tenho medos, mas também tenho sonhos. Sim, ainda sonho; sim, ainda penso. Sim ainda quero.
Leio literaturas clássicas, revista científica e jornais de ontem. Caço palavras dentro dos olhos de quem me olha. Sinto a dor do mundo. Fujo da dor do mundo. Revolto-me com a dor do mundo. Torno-me cego diante da dor do mundo. O mundo dói e machuca.
Sou o próprio louco que ao ver a chuva cair em seu quintal fica nu para lavar a derme encardida de um passado negro e fétido. Os loucos também pensam.
Já não consumo leite como fórmula de diminuir o fogo existente em meu aparelho digestório. Fui células que se transformaram em tecidos e em órgãos – sou o resultado de vários sistemas que trabalham juntos em harmonia – sou um ser que vive, sou um ser-vivo.
Meu cérebro se agiganta e rompe o meu couro cabeludo. Sinto dores que cobrem toda a minha cabeça. Irradio sentimentos diversos. Fecho os meus olhos para enxergar-te melhor. Refaço-me e resgato-te.
Ouço uma voz:
- Paaauuuloooo! Sua deusa foi embora!
Quando abri os olhos, percebi que ela não mais existia.
Morro mil vezes e renasço mil vezes. Morro a cada dia, a cada hora, a cada segundo; morro a cada instante que ainda não veio. Renasço na mesma ligeireza. Tenho sede de alma, tenho sede de corpos. Tenho sede e fome de nuvens e estrelas. Grito ao mundo os meus temores. Grito aos deuses do tempo e da vida – Estou aqui! Estou vivo! Eu quero viver!
E vivo.
Sou o dono deste texto e subscrevo-me em metáforas, em histórias reais e ilusórias. Você decide por qual prisma que quer me ver.
Afinal, a interpretação é livre. E é assim que tem que ser.





Paulo Francisco

Off


Acampei na sala de estar. Cheguei com vontade de ouvir Bob Dylan. E ouvi. O meu corpo pedia paz, minha mente exigia descanso. Entre as almofadas viajei. Viajei numa tarde de sol, entre montanhas e nuvens azuis.

Cigarros e taças de vinho acompanharam-me. Criei imagens em nuvens só minhas. Abracei o sol e escorreguei em montanhas gigantes. Sorri. Gargalhei sozinho. Cantei com o Bob e, dormi ao som de sua gaita.

Dylan por toda casa. Fiz de minha sala de estar o meu Woodstock. Imagens psicodélicas na parede somente nos quadros existentes. No incensário fumaças perfumadas bailavam em figuras surreais. Acampei e dormi.

Os meus acampamentos sempre foram para trabalhos científicos, nunca para prazer. Não comi macarrão instantâneo, nem tomei café solúvel com leite condensado. Meus luaus eram de um dia e a minha cama sempre estava me esperando no final de tudo.

Acho interessante quando ouço que fulano foi acampar por puro prazer. Fico imaginando, ele chegando ao local desejado, armando a barraca, olhando ao redor com um sorriso de fazer inveja a cara do mais alegre dos palhaços. O vizinho mais próximo se encontra a dezenas de distância numa outra barraca.

Acho muito interessante este espírito aventureiro de tomar banho de rio ou cachoeira, dormir em colchonete e comer comidas improvisadas. Lambuzar-se todo de repelente, fazer fogueira para espantar bichos e numa rodinha ao redor dela ficar ouvindo o som de violão. No inverno, então, dormir em saco de dormir, acordar e molhar a cara em águas geladas, saudar a natureza e ficar desejando um dia bom.

Acampei em minha sala de estar. É o melhor que sei fazer.


Paulo Francisco

Limite

Eu descia tão distraído à rua que não a vi me esperando com seu jeito de menina do outro lado da pista. Levei um susto de alegria ao vê-la. Dois anos, três anos, nem sei mais. Fazia tanto tempo e continuava com o mesmo sorriso tranquilo nos olhos. Perguntei o que estava fazendo por ali e ela me respondeu que estava levando um exame ao seu médico. Tinha se casado e estava fazendo tratamento para engravidar. Sorri com o fato de ter se casado.  Era o que mais desejava – eu me lembro de como queria ser esposa e mãe. Um pedaço de seu desejo tinha se concretizado e o outro estava num envelope em suas mãos. Conversamos mais um pouco e nos despedimos com um abraço forte e demorado.  Não foi preciso olhar para trás. Guardei o seu telefone no bolso.

Segui o meu caminho com sorriso nos lábios. Gosto de encontrar com amigos e saber que estão felizes. Ela estava feliz e esperançosa. Eu? Bem... eu continuo caminhando e fazendo novos amigos por aí.  Sigo em frente olhando para os lados. Ainda há esperança em meus olhos.

Alguns minutos depois desse encontro casual cheguei ao meu encontro marcado. Não era um encontro de amor, era um encontro de dor. Ele chorava como uma criança. Chorava o mundo. Chorava em desespero espalhado. Meu amigo tinha acabado de se separar. Tinha em suas mãos a desesperança em uma mala. Tinha em seus olhos o desespero de um menino que perdera o jogo de futebol no último minuto – não tinha volta. Ele estava perdido - eu sabia o que ele sentia. E por saber daquele sentimento fiquei aflito. Tornei-me propositadamente passivo e o ouvi, ouvi e ouvi,  ouvi com os ouvidos da experiência. Ele não parava de falar e eu passivamente concordava com a cabeça e mais nada. Não tinha o que fazer naquela hora sombria. Permaneci neutro, ouvindo, ouvindo o homem xingar, chutar, esmurrar o vento, lavar o chão. Permaneci sentado assistindo a um flash-back em 3D.

Quando a ordem se estabeleceu, eu simplesmente lhe disse:

- Camarada, é a quarta separação da sua vida.

E ele me responde:

- Mas esta é a primeira vez que a separação não veio de mim.

Pensei em dizer-lhe  ¨ Então agora você vai saber o que as outras sentiram, seu babaca ¨, mas me limitei em dizer:

- Sempre tem uma primeira vez.

Depois de tudo calmo, voltei pra casa olhando para os lados a procura de fantasmas.  Não gosto de saber da infelicidade do outro. Prefiro ser solidário em sua alegria.  A felicidade não me incomoda, a tristeza sim. A felicidade do outro é volátil em mim, enquanto a tristeza gruda em minha alma. Torno-me triste por solidariedade. Uso preto e fico de luto. Torno-me carpideira de calças e choro até a última camada de terra. 

 Talvez seja por isso que pouco divido as minhas dores e as minhas tristezas.  Prefiro espalhar alegria.

Já estava pronto para dormir quando o telefone toca. Estava esgotado com tudo que aconteceu durante o dia. Ouvi, simplesmente ouvi, não queria conversar, não queria ser indelicado, mas acabei sendo. Uma terceira pessoa no mesmo dia eu não aguentaria.  Meu corpo é fraco, minha alma já tinha inquilino. Hoje não, hoje não!  – pensei em desespero. A ligação foi interrompida, o sinal ficou ocupado e os fantasmas dançaram de felicidade em meu quarto.

Demorei mas aprendi. Não me telefone no meio da noite pra falar de sua desgraça. Ligue para me fazer rir. Quero voltar a dormir com sorriso nos lábios e não com o cenho franzido.


Se eu moro sozinho, eu escolho as minhas companhias.


Paulo Francisco

Sensatez

Todas as vezes que falam dela, lembro-me de um ambiente à meia-luz, com fumaça e eu dançando próximo à sua face. Dizem por aí que não havia essa penumbra que os meus olhos viram e a fumaça não era tão densa como descrevo. Mas ilusão de ótica ou não, foi assim que os meus olhos a registraram. Dane-se o resto!

Era sempre assim numa discussão: Eu nunca tinha falado aquilo que ela julgava ter sido dito e jogava em minha cara como verdade absoluta. Irritava-me a interpretação livre que ela ou elas sempre fizeram de mim. Eu era um incompreendido?  Minhas entrelinhas eram óbvias demais?  Possivelmente a transparência fazia parte da minha delação. Um problema pra quem não queria ou não gostaria de ser revelado. Isto nunca mudou e não mudará nunca. Talvez seja uma das ranhuras do meu encaixe perfeito.

Os seus olhos borrados expurgavam o mais íntimo de seus sentimentos. Quando eu os vi, fiquei com os meus tão molhados quanto. Nunca mais esqueci a imagem de sua paixão. A minha era somente de comiseração. 

Ela sabia quando chorava eu voltava sempre atrás. Até que num certo dia de chuva intensa, quase me afoguei naquele sentimento crocodiliano. Voltei à tona em desespero e me dirigi à margem contrária. Fui viver do outro lado do rio... e por muito tempo...  transformei-me em mero espectador dos sentimentos alheios  - uma forma de proteger-me do que era, em mim, proibido. 

Olhos verdes, cara redonda, cabelos ao vento, sorriso infantil e um copo de uísque na mão. Guardo-a assim, num registro fotográfico de minha lente mental.  Uma lente infantil, mas com olhos de lobo que sabia o que via. Mulher da vida que todos queriam por um instante.

Ela falava e seus olhos a desmentiam. Era tudo tão falso que eu não conseguia mais ouvi-la, somente lia sua imagem distorcida. Era tudo tão feio que tive medo. Corri para a minha casa pra desfazer o erro. Fechei janelas e portas e ali fiquei até não mais vê-la em meus pensamentos – extingui-a de mim em penumbras e quartos escuros.  Sobrevivi ao fio da navalha. Não estava preparado para uma batalha interna. Gosto da leveza dos ventos, mesmo sendo pedra. Eu era seixo que rolava seguindo a correnteza.

A penumbra e a fumaça densa, vistas por mim, eram reflexos de um momento vivido? Até hoje, pergunto-me o porquê da sensação da morte que não demorou pra chegar. Ela simplesmente partiu. Foi para o céu se transformando em estrela. Mais uma, num céu de mulheres feridas.

A sua paixão era tão forte que o suicídio foi o único caminho encontrado?  Até hoje, pergunto-me se aquelas lágrimas já faziam parte de uma despedida numa viagem sem volta. Ela partiu sem me dizer adeus.

Foi um acidente? Ou as doses de uísque embaçaram os seus olhos verdes, não a deixando ver qual direção tomar? Simplesmente se foi pra nunca mais voltar.

E nos encontros e desencontros, suas vidas permaneceram presas em conceitos toscos e promessas não cumpridas. Foram guerreiras invisíveis numa sociedade mentirosa e machista.

A sua simplicidade causava-me a complexidade de um furacão. Não conseguia entender a reviravolta interna que ela transformava em mim com um simples sorriso. Amor velado, desejos guardados. Eu estava muito verde para querer estar no mesmo cesto que ela.  Eu fazia parte de outro ciclo.  Caminhos paralelos ao infinito seguindo a mesma direção – a vida. Ela era feliz e carregava consigo uma harmonia de dá inveja.  Perfeita aos meus olhos e impossível ao meu coração.

Outono e inverno; primavera e verão. Quatro estações e, cada qual, com o seu tempo definido. E por que não?  Sentimento de deleite também é uma forma de amar. Admirava-a e invejava aquele que poderia tê-la além de seus olhos.

Desorientado fiquei quando o círculo de fogo se fechou impedindo-me de seguir o caminho pretendido.  Mas até o fogo tem os seus antagônicos. A chuva chegou e o vento me orientou. Venci o inimigo e conquistei mais uma batalha em minha vida. Era o outono cobrindo o verão numa transição já conhecida.

Encontro-me num hiato e nele permaneço pelo tempo que for necessário. Vago num vácuo de uma existência permitida. É importante que seja assim. Banho-me em águas pesadas pra tirar de minha pele as marcas cascudas cravadas a sangue frio.

Não rejeito e nem me queixo das cicatrizes adquiridas. Numa guerra, obviamente, há mortos e feridos. Ainda continuo indo à luta – estou vivo. Mas nesse exato instante é necessário o descarregamento; é necessário o esvaziamento; é necessário o distanciamento; é necessária a renovação. Limpo meu corpo e minha alma. Desintoxico-me dos vícios adquiridos. Retiro de mim os sentimentos incrustados, para tornar-me livre e capaz de recomeçar.

Confesso, por sua causa, sou um ex-suicida.


Paulo Francisco



Intimidade

Estou alguns dias sem falar com ela. Sem telefone, sem email, sem qualquer tipo de comunicação. Não, não brigamos, ela gosta de se isolar em alguns dias do mês. Ainda não descobri ao certo se eu sou o motivo deste distanciamento ou se sou poupado deste momento atemporal. Simplesmente respeito este comportamento. Não é violação, é o seu jeito de ser.

Engraçado, quando estou chateado com alguma coisa, também me enclausuro. Mas sempre tem alguém com quem quero estar junto, mesmo que seja ao telefone.

Impossível nos isolarmos de todo. Cobrimos a cabeça e os pés ficam descobertos. Não tem jeito, faço-me de rogado, mas sou dependente de mãos macias e cochichos na orelha.

Tenho que ter algo pra me agarrar, eu não sei nadar, preciso de coletes salva-vidas. No sol, uso filtro solar e na sombra, me agasalho.

Enquanto lá fora, as nuvens denunciam dia frio, aqui dentro, me sinto aquecido. Meu coração é o meu termômetro de mercúrio. Além das batidas corriqueiras, ele transmite para o resto de meu corpo a temperatura existente. Neste exato momento estou o que sou – homeotérmico.

Mesmo distante, percebo sua presença em sombra. Talvez, ela me vigie em sonhos. Seu medo é minha certeza e, a minha certeza é a condição de me sentir em brisa, quase calmaria.

Gosto da sensação de ser desejado por alguém que ao mesmo tempo tem medo de se achegar. Dá uma vontade danada de dizer: se achegue bichinha! Não tenha medo não viu!

Não é fácil se doar. Podemos doar um sorriso, uma mão estendida, mas o coração é algo muito precioso para doarmos assim, temos que ter certeza. E neste caso, não é uma doação simplesmente – é troca; é escambo.

Não aparento, mas sou calmo pra certas situações. Neste caso, em particular, estou tranquilo. A minha moderação é a certeza que tenho em mim. Eu disse em mim e não de mim. O que isso quer dizer? Simples! Eu tenho certeza de meus sentimentos – não estou me divertindo. Estou feliz.

Mediante o fato, eu espero. Fico aqui lendo, ouvindo músicas, teclando. Recuperando-me de um probleminha aqui outro ali. Sem pressa. Levando a vida não na flauta, nem muito menos no vai da valsa. Mas vou levando, em minha rede, em minha caminhada, em meus devaneios.

E quando sentir saudades telefone!



Paulo Francisco