O cair da tarde veio cinza. O céu se transformara numa tela abstrata onde o azul-chumbo predominava. Os nossos corações aceleravam a cada trovão, a cada relâmpago. Num instante, a chuva chegou pesada e assustadora. Abraçamos-nos e ficamos quietos, paralisados, sentido as nossas respirações. De repente o silêncio rompeu os nossos medos e somente o gotejar da calha do telhado nos remetia ao terror de minutos antes.
Olhamos para o céu e nos deparamos com milhares de estrelas azuis num pano de fundo azulado quase negro. Sorrimos ao ouvir a voz doce de quem nos quer bem:
- O jantar já está na mesa!
Corremos para a cozinha e a vimos: a mesa posta decorada por um vasinho de flores miúdas.
Naquele dia sentimos medo e alegria. Um medo passageiro e uma alegria pra vida toda.
Hoje, quando ouço trovões e relâmpagos, lembro-me daquele dia e penso: ¨Daqui a pouco estrelas num céu azul quase negro¨.
Mas quando olho para a mesa do jantar já não vejo mais o vasinho de flores.
Paulo Francisco
Paulo Francisco
Um tanto melancolia nessa saudade? Só sei que li um texto lindo, emotivo, retratando lembrança boa, embora o medo fosse participante.
ResponderExcluirAbraços.
Lindo e que pena não mais o vasinho de flores.Tudo passa! abração,chica
ResponderExcluirOutros vasinhos virão...mas a lembrança 'daquele" vasinho, sempre aperta o peito.
ResponderExcluirObrigada pela visita e ótima semana
Abç
Sandra Mayworm