De repente não a olhava como antes. A paisagem modificou-se
depois do temporal. Restaram o corpo molhado e o assombro. Depois de um tempo,
tudo voltou a normalidade. A sanidade deu lugar a realidade; o torpor
fragmentou-se com a chegada do vento, permitindo então, a visibilidade das
recentes cicatrizes marcadas na derme. Definhou-se o sonho guardado.
Enxergá-la por um olhar frio, calculista, sem nenhuma
emoção, foi a maneira encontrada para não se cometer nenhuma injustiça.
Arrepender-se de certos sentimentos, de certas convicções – jamais! Aos poucos
as interrogações eram respondidas e as
certezas tornavam-se sólidas como concreto. Na lâmina da lança surgiu, uma nova
esperança. Com o feitiço desfeito, não havia mais o medo.
Um olhar brilhante, ao longe, fazia-se notar. Era a certeza
de um sentimento, semeado aos poucos, cultivado por afagos e gestos
verdadeiros.
No negrume da noite, a chama azulada
da vela enfeitava os corpos. E no levantar e abaixar da chama, pensamentos
surgiam revelados pelas pupilas dilatadas, corações acelerados e membros
contraídos. Verdades brotavam no olhar como mágica espiralada trazida por
anjos. Na ponta da noite, a finitude mascarou o que antes era escuridão. O dia
clareou a paisagem, dourou a alma e abraçou a poesia.
Maravilhoso!!! Amei
ResponderExcluirMaravilhosamente descrita a cena e que lindo clarear de dia! Poesia pura! abraços, chica
ResponderExcluirMuito legal! Mais um belo texto, parabéns!
ResponderExcluirMaravilhoso! A poesia está no ar...
ResponderExcluirBelas palavras! Bom dia Paulo.
Boa noite poeta.
ResponderExcluir"Durante a noite toda, após feitiço
retirado, eis que ele conseguiu amar
e sentir que e amado..."
Adorei, parabéns!
A-do-rei... de uma sensibilidade incrível... li e, de repente, a "cena" foi sendo desenhada...lindas imagens!
ResponderExcluirExcerto de uma profunda sensibilidade. Gostei mesmo muito.
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