Era quentura de derreter. Os corpos encharcados suplicavam
por uma ducha gelada. Mais tarde, a água escorria pelos nossos corpos quentes na
esperança de lavar a salinidade produzida e diminuir a temperatura provocada. Permanecemos
por muito tempo agarrados naquele cubículo ladrilhado e aquático. Com os olhos
na cor de sangue, voltamos para a cama as gargalhadas, sorrindo de tudo –
crianças grandes fazendo amor e arte. Era
boa aquela despretensão amorosa. Aproveitamo-nos o máximo o nosso pecado. Pois
sabíamos que depois da transa era vida que segue sem pudor – gente grande que
na vertical veste-se conforme o tempo.
Era muito bom estar com ela, gostava daquele jeito aberto de
dizer-me coisas sérias de maneira divertida; tínhamos tudo para sermos mais que
amigos. Quando disse-me rindo, que eu era o seu crusch, fiquei sem saber o que
dizer. Pois não sabia o sentido da palavra naquele contexto - desconfiava:
- Eu sou totalmente encanada quando estou numa relação. Se
não atende o telefone quando ligo, já vou logo achando que a relação está
esfriando, que pode estar com outra. Fico paranoica.
- Xiiii... que coisa... vivo com o celular desligado, não
gosto de atender em qualquer lugar... se tivesse uma namorada com esse seu
jeito não duraria uma semana...
Risos
- Vai vendo! E você é meu crusch...
Fomos interrompidos e mudamos a conversa, dando atenção as outras
pessoas que estavam na sala.
Gostava de estar com ela, da nossa amizade. Mas tem gente
que não consegue esperar. Tem urgência. Tornamo-nos fiapos na ponta dos cílios.
Hoje, o céu encontra-se nublado, há vento, mas o barco está
vazio.
Paixão é um sentimento intenso!
ResponderExcluirQue demonstra de uma maneira extrema.
Belo texto! Bom dia Paulo.