Sob a lua, sobre nós

 


De repente a lua azul pousa no pico da montanha. A imagem, vista da minha cama, provocou-me um suspiro profundo e uma vontade danada de estar ao seu lado. Pena… estou isolado de tudo e de todos – culpa da peste que não quer ir embora e se aproveita da estupidez humana, que insiste em ignorá-la, para mutar a cada instante.

Sabe aquela canção do Roberto que diz: minha alegria é triste? Pois é, estou assim nesse mundo diferente, cheio de estranhezas e lágrimas. Está bem nem tudo é triste nem tudo é tão estranho assim. A lua azul, por exemplo, é alegria espontânea; o ser mais ranzinza do mundo – que não sou eu - vai esquecer da sua condição de ser chato para admirar essa coisa de Deus.  Hoje, não causa estranheza a ninguém, ver e ouvir um líder de um país regurgitar suas demências e suas maldades. Quem mandou colocá-lo no poder! Não é mesmo?!

Mas esse texto não é para falar de mediocridades. Depois de tanto tempo sem escrever uma linha sequer, não faria isso comigo tampouco com você.

Sim, a lua é merecedora de estar nos poemas de Fernando Pessoa, Cecília Meireles, Mário Quintana, Vinicius e de tantos outros; ela é merecedora de estar nas canções de Caetano, Gil, Exaltasamba, Chico Buarque e muitos outros.  Ela é merecedora de contemplação em todas as suas fases e cores. Quem não fica paralisado, mesmo que seja por alguns segundos, quando a lua de sangue ocupa o palco celeste? 

Comecei o texto, dizendo que queria estar ao seu lado para contemplar o luar. Comentei sobre a nossa condição atual, do distanciamento imposto, de canções e poetas.

Comecei o texto pensando em você e vou terminá-lo pensando em você.

A lua é cheia, não é azul. Mas ainda assim, aparece sempre linda do meu quarto, provoca-me suspiros e lembranças de ti. Embora não seja um dançarino, arriscar-me-ia alguns passos de bolero com a canção de Adoniran e Hilda Hilst: Quando te achei.

Ah! once in a blue moon... que a expressão não seja verdadeira para nós dois. E que possamos amar na urgência do luar.

6 comentários:

  1. Boa noite, num domingo nublado e chovendo agora. Por simples pretensão e querendo ser a destinatária dessas palavras, me iludo sorrindo imaginando que escrevestes esse belo texto pensando em mim. E assim será sempre quando falares em Lua, seu quarto, sua janela que é uma varanda, bolero e dança...há tanto a recordar!!

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  2. Bem vindo Paulo
    Suas crônicas à luz da sua varanda, fazem falta.

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  3. Quantas histórias juntamos sob a luz da lua? Quantos amores! Quantas infinitas lembranças! Quantos rostos escondidos nas entrelinhas!

    Muito bom, Paulo!

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  4. Lindo texto! Tanto a recordar sob a luz da Lua...

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  5. E eu ainda te amo. Te ler me dá essa certeza.

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  6. Com certeza, a lua está sempre presente
    nos poemas,não importa a cor
    Lindo texto!
    Boa tarde Paulo.


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