Durmo contemplando o céu marinho, acordo com ele azulzinho. Não gosto de discursos, gosto mesmo é de poesia. Odeio conversas fiadas, mas adoro uma boa história contada.
Incompleto
(Eu fiz algo de errado). Não é uma pergunta não, é uma afirmativa. É simplesmente uma frase que eu ainda não coloquei o sinal final. Uma interrogação; uma exclamação; um ponto. Ainda não a completei, ainda não sei como terminá-la.
Tem tantas coisas que deixamos incompletas por pura distração ou por não saber como. Somos assim: complexos e ao mesmo tempo queremos que o outro seja simples aos nossos olhos. Como retirar o cílio grudado na maçã de seu rosto se a lágrima sempre o move de lugar?
Como esperar um sorriso de quem anda sempre coberta por um véu? Sempre haverá atitudes complexas em situações simples – não abrimos uma garrafa de vinho rodando a rolha, precisamos de um instrumento adequado para puxá-la.
Mas se não conseguimos tirar o cílio com os dedos, podemos secar as lágrimas com beijos e transferi-lo para os nossos lábios. O sorriso? Basta levantar o véu. E a rolha, caso não tenha o instrumento certo para puxá-la, empurramo-la para dentro da garrafa - o que importa é o liquido.
Coisas simples podem ser feitas para situações que pensamos ser tão complexas. Às vezes o inatingível não é o céu e sim o levantar voo.
Quando o outro faz algo que não gostamos, devemos ou não falar sobre o assunto?
Pois é... como terminar a frase se o cílio continua na face, o véu ainda lhe cobre por inteiro e o vinho continua intacto?
Como posso terminar algo que não sei como começou.
É sempre assim, ela sabe como me atingir. Deixa-me aflito e impossibilitado de argumentar. Porque não posso argumentar o que não sei.
O silêncio é o pior das atitudes. Sempre soube disso. Sempre provoquei as reações mais descontroladas nas pessoas – e eu era, ainda, um moleque.
Então o silêncio não terá em mim um descontrole. O silêncio me faz pensar.
Eu fico, aqui, amadurecendo a possibilidade de terminar o que comecei.
(Eu fiz algo de errado)
Quando o silêncio terminar eu volto a escrever.
Quem sabe eu descubra que além de final, a frase está faltando uma ou duas palavras.
Paulo Francisco
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Por vezes complicamos o que podia-mos tornar fácil, somos muito perfecionistas.
ResponderExcluirSe vivêssemos de maneira mais objetiva, tudo se tornaria mais fácil, e belo.
Até que fosse em silêncio.
Porque a objetividade e simplicidade das nossas atitudes tem inequivocamente que partir da nossa raíz.
ABRAÇAÇO
http://diogo-mar.blogspot.com/
Profundo e sempre é tempo de completar a frase... Mesmo sem ponto final, mas com palavras colocadas ... Lindo! abração,chica
ResponderExcluirOlá Paulo!
ResponderExcluirA prosa poética flui naturalmente por aqui. Complete a frase, você se sentirá melhor, acho. Bjs, Marli
Quando o outro faz algo que não gostamos, devemos ou não falar sobre o assunto?Sim nada melhor que um bom diálogo,as vezes nós pensamos que erramos,mas na verdade nada fizemos.
ResponderExcluirEntão volte a escrever,complete a frase,talvez faltam ainda duas palavras.
Adorei seu texto.
Beijinhos.
Nós temos tendência em complicar o que é simples...Raça de seres estes... Gostei do texto ,como sempre.
ResponderExcluirEstive ausente cinco meses mas voltei para o aniversário do Zambeziana e...voltei para ficar!!
Um beijo amigo
Graça
Boa tarde, Paulo.
ResponderExcluirTerminar a frase, completar um assunto, formular um pensamento, é bem mais interessante do que vivermos no vazio da dúvida, na dor do silêncio, da incompletude.
Nem sempre sabemos o que ocorre, mas sentimos que algo tem de ser feito.
Que possamos ouvir o nosso coração, a nossa intuição e deixar fluir.
Tudo de bom, excelente fim de semana de paz!
Parabéns!
Beijos na alma!