Coisa estranha

 













Estávamos tontos, cambaleantes, caminhávamos tateando as paredes que de vez em quando sumiam dando lugar a aberturas que nos obrigavam a caminhar de quatro para não sermos engolidos pelo desconhecido. De repente rastejávamos como serpentes num chão úmido e gelado. Eu sussurrava para que ninguém mais pudesse ouvir. Perguntava, implorava, mas nem um som de volta a não ser o do meu medo ecoando pelo vazio.

Queria gritar, pedir por socorro... mas...a quem? Onde estávamos, como fomos parar ali? Sentia que tinha mais alguém naquele ambiente sinistro e aterrorizador. Era um predador, um caçador a nos observar? Fechei os olhos e tudo parou. Silêncio absoluto. Não sei por quanto tempo fiquei naquela posição de feto. Ao abrir os olhos, descobri que já era dia e que estava nu, cheirando estranho no meio da minha sala.

- E quem estava com você?

- Ninguém... talvez o meu outro que aparece de vez em quando.

- Cara! Que domingo estranho.

- Nada errado com um domingo nublado quando o que se deseja é o anonimato. 

- Verdade!

Nenhum comentário:

Postar um comentário