A chuva

 


Antes que a chuva caia. Todo verão era sempre o mesmo mantra: Volte antes do temporal, ouviu! Era quase certo termos chuva no finalzinho da tarde – a famosa chuva de verão.

Estávamos quietos, deitados no chão da sala, cada qual com seu pensamento, quando o céu rompeu o silêncio num estrondo absurdo anunciando temporal. Não demorou pra chuva chegar molhando a vida.

Levantamos daquele sossego quase espiritual e fomos direto para a cozinha fazer o café da tarde. É quase um ritual prepará-lo; grãos torrados moídos na hora, passado com a água quase fervendo pelo coador de pano. A casa sempre fica impregnada com aquele aroma de café vindo da serra de Minas gerais.

Comecei a voltar no tempo, falando das chuvas que marcaram a minha infância. Ríamos de minhas travessuras, de histórias de outras pessoas testemunhadas por mim, ou simplesmente ouvidas por um garoto curioso.

Contei da minha estratégia quando o trânsito ficava parado por causa da chuva. Descia do coletivo na primeira oportunidade e parava num bar ou qualquer outro lugar que tivesse cerveja. Esperava de gole em gole a chuva passar, o trânsito fluir.

Quando a perguntei se tinha lembranças sobre a chuva, ela disse-me que adora sentir a água da chuva lavando seu corpo numa tarde quente de verão. Que o cheiro da terra molhada entrava pelos seus poros e a transportava ´por uma época alegre e ingênua. E Num suspiro profundo concluiu: Mesmo sendo caça de olhos famintos!

Voltamos pra sala e silenciosamente ficamos ouvindo a chuva lá fora. Certamente ela passará!

 

Nenhum comentário:

Postar um comentário