Sempre olhava pra cima nas tardes longas de verão, não por medo, mas na esperança das nuvens escuras ainda estarem longe dos meus olhos. Um olho na brincadeira e o outro no céu. Uma orelha nas conversas com os amigos e a outra na expectativa de meu nome rasgar o vento. Pois, quando elas chegavam era sinal de voltar pra casa. Caso contrário, meu nome ecoava por todo o bairro, sinalizando que eu estava encrencado.
É no lusco-fusco que os vampiros começam a despreguiçar. É
no lusco-fusco que as luzes dos postes acendem para melhor enxergarmos o
caminho de volta.
Cansei-me de Ziguezaguear por caminhos pedregosos ou
lamacentos em noites frias e sem brilho. Hoje, prefiro a lucidez do dia à
escuridão. Deixo-a do lado de fora de minha casa.
Temo as nuvens escuras. Não pelos os mesmos motivos de
outrora, mas por saber que já se foi mais um dia.
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