Sempre olhava pra cima nas tardes longas de verão, não por medo, mas na esperança das nuvens escuras ainda estarem longe dos meus olhos. Um olho na brincadeira e o outro no céu. Uma orelha nas conversas com os amigos e a outra na expectativa de meu nome rasgar o vento. Pois, quando elas chegavam era sinal de voltar pra casa. Caso contrário, meu nome ecoava por todo o bairro, sinalizando que eu estava encrencado.
É no lusco-fusco que os vampiros começam a despreguiçar. É
no lusco-fusco que as luzes dos postes acendem para melhor enxergarmos o
caminho de volta.
Cansei-me de Ziguezaguear por caminhos pedregosos ou
lamacentos em noites frias e sem brilho. Hoje, prefiro a lucidez do dia à
escuridão. Deixo-a do lado de fora de minha casa.
Temo as nuvens escuras. Não pelos os mesmos motivos de
outrora, mas por saber que já se foi mais um dia.
Infelizmente Paulo, as nuvens negras nunca deixam de passar, ela está sempre presente, não importa aonde você está
ResponderExcluirFico feliz em saber que você hoje prefere a lucidez do dia
Saiba que também temo por saber que já se foi mais um dia.
Boa tarde, 💋
Mais um texto de grande sensibilidade poética!
ResponderExcluirMais um texto de grande sensibilidade poética! Parabéns!
ResponderExcluirNunca temi as nuvens de chumbo, mas olhava perdidamente o fim de tarde das nuvens rosadas... Seu texto está perfeito.
ResponderExcluirSinto saudades tuas. "caminhos pedregosos ou lamacentos em noites frias e sem brilho." Tuas segundas sem lei. Cuide-se! Te ler é quase um rito diário.
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