Corri à sacada para observar as maritacas em algazarras no meu telhado. Adoro vê-las em voos rápidos e escandalosos. Saíram do telhado e foram para a copa da árvore do outro lado da rua. Abri um sorriso. As aves me fazem sorrir. Fico fascinado com o voo das aves de rapina que enfeitam o meu céu. Aqui de minha rede vejo-as em voos lentos, tranquilos – são donas, certamente do pedaço.
Uns tempos atrás, quando minhas noites eram regradas de cervejas e papos fiados, subia, ao voltar para casa, uma ladeira íngreme que encurtava o caminho até o meu doce lar. Na metade do percurso, já totalmente sem ar, parava. Numa dessas paradas encontrei uma coruja, no muro de uma casa, me olhando.
Fiquei ali observando a olhuda. Sempre que subia a ladeira, quase todos os dias, lá estava ela a me encarar. Batizei-a de Professora. Nunca entendi e nunca procurei saber, porque o símbolo do magistério é uma coruja. Será que é porque a ave tem olhos grandes e enxerga no escuro? Ou será por que assusta? (brincadeira!)
Fiquei ali observando a olhuda. Sempre que subia a ladeira, quase todos os dias, lá estava ela a me encarar. Batizei-a de Professora. Nunca entendi e nunca procurei saber, porque o símbolo do magistério é uma coruja. Será que é porque a ave tem olhos grandes e enxerga no escuro? Ou será por que assusta? (brincadeira!)
Gostava de vê-la pulando pelo muro, como se quisesse me acompanhar. Certa noite ela não estava mais lá – fiquei triste, já tinha me acostumado com a olhuda sem pescoço.
É sempre assim, quando vou me acostumando com elas, elas se afastam, às vezes em silêncio como a Professora, outras vezes em algazarra como as minhas visitantes.
Tudo bem... continuo aqui na minha rede, olhando pro céu, vendo as aves de rapina de um lado pro outro à procura de uma vitima; continuo aqui neste vai e vem provocado, só esperando, só esperando...
Paulo Francisco