Inevitável





Abraços e afagos, quem não gosta?! Eu adoro. Em público, a discrição era fundamental. Quando a encontrava, o meu abraço era levemente apertado e o meu afago era um cheiro no pescoço e quando possível um selinho discreto. Nosso comportamento, nosso código amoroso.
Por muitas luas, o céu marinho foi o nosso teto. Por muitos sóis, a invisibilidade nos favorecia. Estávamos bobos de amor; estávamos tremendo de medo. Medo porque sabíamos que não havia estrada para seguirmos juntos e que na primeira encruzilhada, seria inevitável a despedida. Quando chegou a hora, o vento foi o mensageiro de nossos desejos e desespero.
Eu segui sozinho, enquanto ela seguiu o seu caminho acompanhada por uma mão já conhecida.   

Guardado


Resultado de imagem para beijo na orelha



Éramos silenciosos, secretos. Nos guardávamos em dias ensolarados e nos encontrávamos e nos despedíamos no começo dos crepúsculos. Não era por timidez, tampouco era por medo, era simplesmente necessário ficarmos invisíveis aos olhos alheios. E por outro lado, era bom pensar que estávamos em pecado. Estávamos?!  Pouco importava se sim ou não. A tesão era grande e o perigo também. Hoje, ficou somente a memória ainda secreta, guardada numa caixa azul. Não somos mais os mesmos. Há marcas vincadas mapeando a derme. Há sarcasmos em nossas conversas. Não somos mais os mesmos, mas quando  segredei na ponta da sua orelha o que sentia, ela olhou para mim e sorriu.