Certeza



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Em uma construção o alicerce é fundamental, ele segura os abalos sísmicos dos mais diversos. E na vida não seria diferente. Quando a despedida foi inevitável, meus pés continuaram presos ao chão. Meu corpo não definhou, mesmo vendo as peças daquele tabuleiro derrubadas de uma só vez. Era quase certo que uma ventania um pouco mais forte, destruiria tudo. Tragédia anunciada cravada no peito. O dedo estava sempre no gatilho. Qualquer coisa era motivo para despedidas repentinas – fragilidade emocional construída pouco a pouco de dentro para fora.
Numa construção o alicerce é fundamental; numa relação a confiança é a certeza de vida longa. O amor acabou, mas a dignidade não. (Com você viveria esse turbilhão emocional tudo de novo)

Eu quero estar com você

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Foi muito bom quando ela chegou de repente e me deixou sem ação. Demorei para libertar-me da dor que ficara em mim por tanto tempo. Perdi várias chances de viver pleno, mesmo que por alguns instantes. Tinha me transformado em capitão-do-mato de mim mesmo, que sempre resgatava a solidão e a devolvia para o meu peito depois de algumas violentas chibatadas. Era escravo dos meus sentimentos mais perversos. Definhava-me à sombra do medo. No meu quarto, todos os segredos.
Mas quando ela chegou, os elos foram abertos e a liberdade deixou-me mais leve. Foi muito bom quando ela chegou de repente e me estampou um puta sorriso na cara. Foi ele, o amor verdadeiro, que me fez humano, mais óbvio e menos obtuso. (faça de mim seu – eu desaprendi a voar)

Mate!

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As peças estão arrumadas no tabuleiro. As brancas estão do meu lado, e pela regra, polêmica à parte, são por elas que se começa o jogo. Tem horas, se por covardia ou se por pura razão, penso não começar esse jogo tão complexo. Se o jogo não for abandonado no meio da partida, o final será inevitável e alguém vai levar um xeque-mate. E geralmente esse alguém sou eu. A distração é a minha companheira diária. Estou sempre me perdendo no vazio. Mas como a curiosidade é característica primária, sempre acabo mexendo primeiro na bendita peça do tabuleiro. E a partir daí a estratégia é fundamental, coisa que não sei fazer muito bem – não sou nenhum General, muito menos um Guerreiro. E nesse jogo, vacilou, dançou! (não quero uma dança solo – eu não sei dançar sozinho!)

Quem sabe




Está tudo muito esquisito por aqui. Sabe aquela coisa que muda a nossa rotina?  Quando a gente acorda e antes mesmo de abrir os olhos a imagem que chega é a mesma que te fez dormir e sonhar? Nos meus sonhos a histórias se repete quase todas as noites, a paisagem muda, mas a personagem é sempre a mesma. O que está me deixando ressabiado, é o fato de todos ficarem me fazendo a mesma pergunta, se eu vi passarinho verde. Será que estou tão estranho assim? Eu hein! Quero a minha cara de pau de volta! Blefar, geralmente, faz você ganhar! E nesse jogo, o melhor é o silêncio, e não se deixar levar por nenhum passarinho, mesmo que ele seja multicolorido, até porque tudo ainda está em plena construção. Por enquanto, tudo se encontra somente em meus sonhos e desejos. Tem alguma coisa esquisita por aqui. Quer saber, vou comprar chocolate e vinho. Vai que ela esteja lendo esse texto e o que é vontade se transforme em realidade. Quem sabe.

Texto inacabado



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Não é querer reviver e muito menos consertar qualquer coisa. É mais que isso; é concluir o que ficou inacabado. Desatar o laço e deixar a fita seguir livre por aí. Um beijo, um abraço, um olhar molhado, um segurar de mãos, um desprender de alma. Qualquer coisa que possa deixar-me livre para uma nova jornada. Na cabeceira de minha cama há pilhas de leituras incompletas. Não é somente querer, é necessidade de vida. Nada de peça faltando no tabuleiro sobre a mesa. O inacabado me sufoca.

Um dia desses, sonhei com você. A angústia me acordou no meio da noite. Levantei com a boca seca e o corpo cansado. Um copo d´água, um espreguiçar fazendo da pedra gelada da bancada da pia, barra de sustentação. Um suspiro profundo e uma porrada de recordações, não me deixaram dormir de novo.  A insônia é minha companheira desde sempre. Enquanto todos dormiam, eu ficava ali de olhos abertos olhando o nada, o negrume era o pano de fundo da minha imaginação. Meus olhos se fechavam com o cantar dos passarinhos.

Quando ouvia a voz de comando para acordar e levantar, porque estava na hora de ir para a escola era um sofrimento só. Sempre invejei aqueles que acordam falando, cantarolando como se a vida fosse uma eterna primavera. Sempre me assustei com aqueles que dormem com as galinhas. Personagem querido era o Drácula que vivia a noite e dormia o dia.

Mas ontem foi diferente, o sonho despertou-me para situações que eu ainda tinha que resolver. Abrir o baú e me desprender. É difícil, eu sei. Principalmente quando o que se está dentro é mais que tudo. Bicho alado não consegue voar em dia de chuva. E, certamente, temporais sempre existiram e existirão por aqui. Em dias alagados, o melhor para se fazer é ficar quieto olhando de cima. E a chuva não está dando trégua.

Não há culpado nesse meu caminho descontínuo. Mas se tem que haver um, então me faço presente. Os inacabados, mesmo os sufocantes, fazem parte da minha história. E se até hoje não os retornei para completar as falhas deixadas na minha linha de tempo, é porque o vazio também faz parte da minha paisagem. A discrepância também faz parte de mim.


Ainda não foi dessa vez. Não houve o beijo nem o abraço, muito menos o olhar molhado e o segurar de mãos. Olhei para a cabeceira e a pilha aumentou. O tabuleiro continua sobre a mesa e a alma, coitada, continua presa à espera da liberdade. A insônia continua sendo minha companheira; o negrume ainda é o pano de fundo da minha imaginação. Mas com uma diferença: hoje eu escrevo, mesmo que sejam textos inacabados.