Durmo contemplando o céu marinho, acordo com ele azulzinho. Não gosto de discursos, gosto mesmo é de poesia. Odeio conversas fiadas, mas adoro uma boa história contada.
A equilibrista
E ela vinha se equilibrando pelo risco do rejunte do piso. Era tão real o seu equilíbrio – ela fazia de tudo para não cair, pra não perder o foco, pra não sair da linha. A menininha, toda de rosa, concentrava-se ao máximo à tal tarefa. Tentei fazer o mesmo, imitando-a, mas logo percebi que não tinha tanta habilidade. Já não sabia andar na linha daquele jeito tão certinho, como o da menininha vestida para o balé.
Perder a linha. Quantas vezes perdemos a linha por tão pouco.
O mais inacreditável é o quanto podemos nos equilibrar numa linha invisível, respirar fundo, contar até dez e, acabamos nos deixando, por um milésimo de segundo, pela emoção e saímos da linha. Descarrilamos. Ficamos como um trem desgovernado e só paramos quando percebemos que não tem mais como prosseguir - empacamos.
Aí descobrimos que se tivéssemos continuado desde criança a nos equilibrar por uma linha invisível, talvez nunca nos encontrássemos no chão.
Paulo Francisco
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