Quando ela foi embora, deixou-me
um vazio no peito. A dualidade brotou na minha carne. Gargalhei de alegria
quando ouvi sua mensagem que estava partindo, indo em busca de mais um sonho.
Sempre torci pra que isso acontecesse, porque também é um desejo meu. Mas ao
mesmo tempo, o danado do egoísmo berrou aos prantos: Como assim?! Ficarei aqui
sozinho, fincado nessa areia movediça?!
Chorei! Chorei de tristeza, chorei
de alegria, chorei de desespero, chorei por pensar que não a terei perto de mim
nos momentos de confidências, nos dias nublados em que precisávamos um do outro
para assoprar pra longe as nuvens pesadas e cinzas. Éramos timões um do outro
em mares revoltos. Ainda não me acostumei totalmente com a distância existente;
com essa mudança newtoniana. Tudo é uma questão de tempo – eu sei! Daqui a
pouco tudo se assentará.
Minha amiga foi embora, foi viver
em sua pasárgada e ser amiga da rainha.
Minha amiga foi embora, foi
admirar outras paisagens. trocou o verde das montanhas pelo azul marinho. Foi
contar suas histórias pra mãe-d´água, sentada na areia, entre a lagoa e o mar.
Minha amiga foi embora, deixou-me
um vazio no peito, mas sei que vou melhorar.
E quando ela estiver vendo o sol
cair no oceano, estarei aqui, no meu egoísmo, apreciando o nascer do luar.