Inevitável





Abraços e afagos, quem não gosta?! Eu adoro. Em público, a discrição era fundamental. Quando a encontrava, o meu abraço era levemente apertado e o meu afago era um cheiro no pescoço e quando possível um selinho discreto. Nosso comportamento, nosso código amoroso.
Por muitas luas, o céu marinho foi o nosso teto. Por muitos sóis, a invisibilidade nos favorecia. Estávamos bobos de amor; estávamos tremendo de medo. Medo porque sabíamos que não havia estrada para seguirmos juntos e que na primeira encruzilhada, seria inevitável a despedida. Quando chegou a hora, o vento foi o mensageiro de nossos desejos e desespero.
Eu segui sozinho, enquanto ela seguiu o seu caminho acompanhada por uma mão já conhecida.   

Guardado


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Éramos silenciosos, secretos. Nos guardávamos em dias ensolarados e nos encontrávamos e nos despedíamos no começo dos crepúsculos. Não era por timidez, tampouco era por medo, era simplesmente necessário ficarmos invisíveis aos olhos alheios. E por outro lado, era bom pensar que estávamos em pecado. Estávamos?!  Pouco importava se sim ou não. A tesão era grande e o perigo também. Hoje, ficou somente a memória ainda secreta, guardada numa caixa azul. Não somos mais os mesmos. Há marcas vincadas mapeando a derme. Há sarcasmos em nossas conversas. Não somos mais os mesmos, mas quando  segredei na ponta da sua orelha o que sentia, ela olhou para mim e sorriu.

Certeza



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Em uma construção o alicerce é fundamental, ele segura os abalos sísmicos dos mais diversos. E na vida não seria diferente. Quando a despedida foi inevitável, meus pés continuaram presos ao chão. Meu corpo não definhou, mesmo vendo as peças daquele tabuleiro derrubadas de uma só vez. Era quase certo que uma ventania um pouco mais forte, destruiria tudo. Tragédia anunciada cravada no peito. O dedo estava sempre no gatilho. Qualquer coisa era motivo para despedidas repentinas – fragilidade emocional construída pouco a pouco de dentro para fora.
Numa construção o alicerce é fundamental; numa relação a confiança é a certeza de vida longa. O amor acabou, mas a dignidade não. (Com você viveria esse turbilhão emocional tudo de novo)

Eu quero estar com você

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Foi muito bom quando ela chegou de repente e me deixou sem ação. Demorei para libertar-me da dor que ficara em mim por tanto tempo. Perdi várias chances de viver pleno, mesmo que por alguns instantes. Tinha me transformado em capitão-do-mato de mim mesmo, que sempre resgatava a solidão e a devolvia para o meu peito depois de algumas violentas chibatadas. Era escravo dos meus sentimentos mais perversos. Definhava-me à sombra do medo. No meu quarto, todos os segredos.
Mas quando ela chegou, os elos foram abertos e a liberdade deixou-me mais leve. Foi muito bom quando ela chegou de repente e me estampou um puta sorriso na cara. Foi ele, o amor verdadeiro, que me fez humano, mais óbvio e menos obtuso. (faça de mim seu – eu desaprendi a voar)

Mate!

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As peças estão arrumadas no tabuleiro. As brancas estão do meu lado, e pela regra, polêmica à parte, são por elas que se começa o jogo. Tem horas, se por covardia ou se por pura razão, penso não começar esse jogo tão complexo. Se o jogo não for abandonado no meio da partida, o final será inevitável e alguém vai levar um xeque-mate. E geralmente esse alguém sou eu. A distração é a minha companheira diária. Estou sempre me perdendo no vazio. Mas como a curiosidade é característica primária, sempre acabo mexendo primeiro na bendita peça do tabuleiro. E a partir daí a estratégia é fundamental, coisa que não sei fazer muito bem – não sou nenhum General, muito menos um Guerreiro. E nesse jogo, vacilou, dançou! (não quero uma dança solo – eu não sei dançar sozinho!)