Empatia II


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Sabe aquele sorriso que estampa a nossa cara e mesmo depois de algum tempo continua dentro da gente? Pois é, hoje fui tatuado por um desses. De quando em vez, fico contente com algo que não aconteceu diretamente comigo, mas que me faz sentir como se acontecera. Liguei o celular e lá estava o recado de uma amiga de tanto tempo dizendo estar de férias em algum lugar da Europa. Abri um sorriso como se eu estivesse com o passaporte nas mãos. Ela mais que merece viajar por aí. Passarinho gosta mesmo é de voar.

Estava do lado de fora do restaurante, quando encontro uma amiga de longa data. Estava indo para um almoço com sua filha e seu ex. Nos abraçamos e conversamos por uns minutinhos. Pronto! Sorriso na cara a tarde toda. Ela sempre me fez bem. E fico mais contente ainda quando ela está em paz com a vida. Senti leveza em seu sorriso.

Toda vez que visito Valéria, nos divertimos muito. Conversamos de tudo. Sem censura. Amigos de verdade não têm frescura. Com ela, consigo escancarar meu coração. A nossa amizade é transcendental. A nossa história é para sempre.  Com ela não tem somente sorriso estampado na cara. Tem gargalhadas na alma. Aliás, preciso vê-la com urgência. Estamos com a mesma enfermidade – estamos nos recuperando dos pés quebrados. Amigos até mesmo nas fraturas. Eita amizade grande!

Para os amigos não tem segredo, tem respeito. O Marcos tem a chave da minha casa. Camarada amigo que nunca me deixou ficar na pior. Quando a depressão dava as caras, ele sempre aparecia para levantar-me. Não era fácil, mas sempre conseguia colocar um sorriso na minha cara. Amizade que cura.

Ultimamente, eu andava carrancudo. Puto da vida com alguns colegas que estavam me ¨acusando¨ de uma coisa que não fiz. E o pior de tudo é que não tinha como provar que estavam errados. Somente uma pessoa poderia falar a verdade. Acabar com todo aquele constrangimento. Mas quando tentei indagá-la, ela me disse que também achava a mesma coisa. Fiquei confuso e mais carrancudo. Céu nublado deixa os olhos embaçados. Os meus, ficaram no escuro.

Hoje, depois de algumas semanas do ocorrido, fui tatuado com aquele sorriso largo na cara. Quando vi o arranjo de flor enfeitando novamente a sala dela, achei que a ¨brincadeira¨ voltaria. Saí daquele lugar o mais rápido possível, não dando oportunidade para as insinuações dos maldosos. Fico com medo da minha reação. Também sei ser arenoso. Areia não só  pode se transformar em colchão mas também pode virar movediça.

Havia alguma coisa que eu perdera no meio do caminho; que estava me perturbando: Por que estavam achando que eu era o florista? Ao chegar em casa, mandei uma mensagem perguntando se estava namorando. Quando ela me respondeu que sim, um sorriso enfeitou minha cara.  Consegui até sentir o cheiro da flor. Sempre acreditei que a nossa amizade era grande e colorida e que um presente florido não colocaria tudo a perder. E não seria insinuação maldosa que nos abalaria. Brincadeira tem hora, amizade não.

Sabendo da verdade, posso agora dá o troco na mesma moeda. Vou deixar que pensem que sou eu o florista. Ficarei calado. Possivelmente, ela não quer que eles saibam a verdade: o nome da pessoa amada. Gosto dessas coisas secretas. Acho que ela também. A manhã foi feita para tirar as roupas da noite de ontem.

O que ainda está me deixando intrigado é o fato dela ter me dito que também pensou que fosse eu quem mandou as flores.

Quer saber, o que importa mesmo é esse sorriso estampado na minha cara. Gosto de ver os meus amigos felizes. Gosto mais ainda quando os seus sorrisos amorosos me contaminam com esse vírus do bem.

Bora ser feliz?!


Passagem


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Hoje, eu a vi num relance. Ela estava bonita. Seriamente bonita. Não falou comigo. Não se despediu. Simplesmente sumiu diante dos meus olhos, como o vento que passa deixando somente uma lembrança afetiva.
Hoje, eu queria tê-la em meus braços. Não precisava de mais nada. Somente tê-la comigo para ouvir o seu coração ritmado e ver seus olhos brilhando na hora da despedida.
Hoje, eu a vi num instante. Ela estava bonita. Pena que não estava para mim.



Inevitável





Abraços e afagos, quem não gosta?! Eu adoro. Em público, a discrição era fundamental. Quando a encontrava, o meu abraço era levemente apertado e o meu afago era um cheiro no pescoço e quando possível um selinho discreto. Nosso comportamento, nosso código amoroso.
Por muitas luas, o céu marinho foi o nosso teto. Por muitos sóis, a invisibilidade nos favorecia. Estávamos bobos de amor; estávamos tremendo de medo. Medo porque sabíamos que não havia estrada para seguirmos juntos e que na primeira encruzilhada, seria inevitável a despedida. Quando chegou a hora, o vento foi o mensageiro de nossos desejos e desespero.
Eu segui sozinho, enquanto ela seguiu o seu caminho acompanhada por uma mão já conhecida.   

Guardado


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Éramos silenciosos, secretos. Nos guardávamos em dias ensolarados e nos encontrávamos e nos despedíamos no começo dos crepúsculos. Não era por timidez, tampouco era por medo, era simplesmente necessário ficarmos invisíveis aos olhos alheios. E por outro lado, era bom pensar que estávamos em pecado. Estávamos?!  Pouco importava se sim ou não. A tesão era grande e o perigo também. Hoje, ficou somente a memória ainda secreta, guardada numa caixa azul. Não somos mais os mesmos. Há marcas vincadas mapeando a derme. Há sarcasmos em nossas conversas. Não somos mais os mesmos, mas quando  segredei na ponta da sua orelha o que sentia, ela olhou para mim e sorriu.

Certeza



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Em uma construção o alicerce é fundamental, ele segura os abalos sísmicos dos mais diversos. E na vida não seria diferente. Quando a despedida foi inevitável, meus pés continuaram presos ao chão. Meu corpo não definhou, mesmo vendo as peças daquele tabuleiro derrubadas de uma só vez. Era quase certo que uma ventania um pouco mais forte, destruiria tudo. Tragédia anunciada cravada no peito. O dedo estava sempre no gatilho. Qualquer coisa era motivo para despedidas repentinas – fragilidade emocional construída pouco a pouco de dentro para fora.
Numa construção o alicerce é fundamental; numa relação a confiança é a certeza de vida longa. O amor acabou, mas a dignidade não. (Com você viveria esse turbilhão emocional tudo de novo)