A lua só existe para os sonhadores?
Ficar ali, na rede, namorando a lua é
típico de mim. Gosto e não nego. Sou um sonhador nato. Sonho com a
possibilidade de um amor que me faça astronauta, que me faça flutuar até a lua.
Tenho certeza que em algum lugar tem alguém olhando pra lua de maneira
sonhadora, querendo este mesmo flutuar. A lua tem essa magia de nos hipnotizar
e transformar-nos em viajantes estelares.
Estava escrevendo este texto quando o
telefone toca e era uma ¨ex-namorada¨ em prantos me cobrando uma
atitude com relação a um poema que fiz. Acusando-me de dissimulado, cafajeste,
sacana e sei lá o quê. Oras, eu não postei nada que pudesse denegrir sua
imagem ou seus sentimentos.
Demorei pra entender que na verdade ela
ainda tinha a esperança de uma volta. Ela tinha, eu não. E o que eu postei foi
um poema com relação a duas fotos de flores que ganhei de uma amiga do nordeste
de quem gosto muito.
Pois bem, era isso que eu queria falar
e não estava conseguindo me expressar de maneira clara a respeito: namoro a
lua, gosto de contar estrelas, faço poemas bobos, escrevo sobre o amor da
maneira mais singela, quase adolescente e, mesmo assim, sou chamado de
cafajeste. Será que sou? Agora já não sei mais se sou ou não. Talvez eu seja.
Sou um cafajeste que canta ao amor, que manda flores, que faz textos
apaixonados e diz que ama quando ama. Sou um cafajeste que aceita acusações
indevidas simplesmente pra não magoar o seu par. Sou cafajeste por sair de cena
quando percebo que a relação se desgastou. Sou cafajeste porque acredito numa
amizade depois do término de um namoro e, não admito picuinhas, intrigas - já
passei da idade pra aceitar tais comportamentos infantis.
Não quero mais um amor neurótico onde a
insegurança transforma o certo em duvidoso. Não sei ficar me desculpando com
relação ao que não fiz, simplesmente pra espalhar a nuvem negra que paira em
nossas cabeças. Isto cansa.
Não, não sou dissimulado, jamais
consegui dizer ou fazer o que não estava pensando. Às vezes me faço silêncio,
porque acho que dentro desse meu silêncio eu posso vir a gritar as minhas
neuras. Ninguém tem que aguentar as minhas inseguranças, não vou jogar naquela
que me ama a lama fétida de meu passado inseguro. Também não aceito que façam
comigo.
Sou um viajante estelar, quero um amor
que flutue comigo e não um amor que põem bolas de ferros em meus pés e me
algeme com argolas da desconfiança e que tape minha boca pra que meus
textos não grite ao amor. Sou livre, a arte é livre, o pensamento é livre.
Gosto de me embalar na rede, num vai e
vem de sonhos. Então, não tente empurrar o meu corpo, porque ele não está
morto. Também sinto dor.
A lua não só existe para os que
sonham. Mas, para os que não sonham, a lua é simplesmente um satélite.
Paulo Francisco
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