Éramos silenciosos, secretos. Nos guardávamos em dias
ensolarados e nos encontrávamos e nos despedíamos no começo dos crepúsculos. Não
era por timidez, tampouco era por medo, era simplesmente necessário ficarmos
invisíveis aos olhos alheios. E por outro lado, era bom pensar que estávamos em
pecado. Estávamos?! Pouco importava se
sim ou não. A tesão era grande e o perigo também. Hoje, ficou somente a memória
ainda secreta, guardada numa caixa azul. Não somos mais os mesmos. Há marcas
vincadas mapeando a derme. Há sarcasmos em nossas conversas. Não somos mais os
mesmos, mas quando segredei na ponta da sua orelha o que sentia, ela olhou
para mim e sorriu.
Durmo contemplando o céu marinho, acordo com ele azulzinho. Não gosto de discursos, gosto mesmo é de poesia. Odeio conversas fiadas, mas adoro uma boa história contada.
Certeza
Em uma construção o alicerce é fundamental, ele segura os
abalos sísmicos dos mais diversos. E na vida não seria diferente. Quando a
despedida foi inevitável, meus pés continuaram presos ao chão. Meu corpo não definhou,
mesmo vendo as peças daquele tabuleiro derrubadas de uma só vez. Era quase certo
que uma ventania um pouco mais forte, destruiria tudo. Tragédia anunciada
cravada no peito. O dedo estava sempre no gatilho. Qualquer coisa era motivo
para despedidas repentinas – fragilidade emocional construída pouco a pouco de
dentro para fora.
Numa construção o alicerce é fundamental; numa relação a
confiança é a certeza de vida longa. O amor acabou, mas a dignidade não. (Com
você viveria esse turbilhão emocional tudo de novo)
Eu quero estar com você
Foi muito bom quando ela chegou de repente e me deixou sem
ação. Demorei para libertar-me da dor que ficara em mim por tanto tempo. Perdi
várias chances de viver pleno, mesmo que por alguns instantes. Tinha me transformado
em capitão-do-mato de mim mesmo, que sempre resgatava a solidão e a devolvia
para o meu peito depois de algumas violentas chibatadas. Era escravo dos meus
sentimentos mais perversos. Definhava-me à sombra do medo. No meu quarto, todos
os segredos.
Mas quando ela
chegou, os elos foram abertos e a liberdade deixou-me mais leve. Foi muito bom
quando ela chegou de repente e me estampou um puta sorriso na cara. Foi ele, o
amor verdadeiro, que me fez humano, mais óbvio e menos obtuso. (faça de mim seu
– eu desaprendi a voar)
Mate!
As peças estão arrumadas no tabuleiro. As brancas estão do
meu lado, e pela regra, polêmica à parte, são por elas que se começa o jogo. Tem
horas, se por covardia ou se por pura razão, penso não começar esse jogo tão
complexo. Se o jogo não for abandonado no meio da partida, o final será
inevitável e alguém vai levar um xeque-mate. E geralmente esse alguém sou eu.
A distração é a minha companheira diária. Estou sempre me perdendo no vazio.
Mas como a curiosidade é característica primária, sempre acabo mexendo primeiro
na bendita peça do tabuleiro. E a partir daí a estratégia é fundamental, coisa
que não sei fazer muito bem – não sou nenhum General, muito menos um Guerreiro. E nesse
jogo, vacilou, dançou! (não quero uma dança solo – eu não sei dançar sozinho!)
Quem sabe
Está tudo muito esquisito por aqui. Sabe aquela coisa que muda a nossa rotina? Quando a gente acorda e antes mesmo de abrir os olhos a imagem que chega é a mesma que te fez dormir e sonhar? Nos meus sonhos a histórias se repete quase todas as noites, a paisagem muda, mas a personagem é sempre a mesma. O que está me deixando ressabiado, é o fato de todos ficarem me fazendo a mesma pergunta, se eu vi passarinho verde. Será que estou tão estranho assim? Eu hein! Quero a minha cara de pau de volta! Blefar, geralmente, faz você ganhar! E nesse jogo, o melhor é o silêncio, e não se deixar levar por nenhum passarinho, mesmo que ele seja multicolorido, até porque tudo ainda está em plena construção. Por enquanto, tudo se encontra somente em meus sonhos e desejos. Tem alguma coisa esquisita por aqui. Quer saber, vou comprar chocolate e vinho. Vai que ela esteja lendo esse texto e o que é vontade se transforme em realidade. Quem sabe.
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