
Éramos silenciosos, secretos. Nos guardávamos em dias
ensolarados e nos encontrávamos e nos despedíamos no começo dos crepúsculos. Não
era por timidez, tampouco era por medo, era simplesmente necessário ficarmos
invisíveis aos olhos alheios. E por outro lado, era bom pensar que estávamos em
pecado. Estávamos?! Pouco importava se
sim ou não. A tesão era grande e o perigo também. Hoje, ficou somente a memória
ainda secreta, guardada numa caixa azul. Não somos mais os mesmos. Há marcas
vincadas mapeando a derme. Há sarcasmos em nossas conversas. Não somos mais os
mesmos, mas quando segredei na ponta da sua orelha o que sentia, ela olhou
para mim e sorriu.