A Lua encantava
as noites quentes de verão. Adorava aquela convivência quase tribal. As esteiras
de taboa improvisavam os nossos colchões. Todos no quintal, de papo pro ar,
numa prosa sem fim. Observava as estrelas sem a pretensão de entendê-las, apenas
as observava com olhos de menino. Os olhos no céu e as orelhas nas conversas
dos adultos.
- Paulinho, tá
vendo a Lua? Essa é Claudia, querendo compartilhar a emoção de vê-la brilhando
no seu céu.
- Paulo, a Lua
está tão linda. Você consegue vê-la daí? Essa é Maria a mais de cem quilômetros
de distância compartilhando sua alegria lunar.
Ainda hoje, a Lua
encanta as minhas noites de verão. Hoje, a Lua está em quarto-crescente – gosto
de vê-la se transformando a cada noite até está totalmente cheia e linda. Hoje,
já não deito em esteiras de palha. Aconchego-me na rede, observo as estrelas e
a Lua e adormeço embalado por ela.
Ainda hoje,
olho para o céu com os olhos de um menino.